O mito(...) não possui sólidos alicerces de definições. Não possui verdade eterna e é como uma construção que não repousa no solo. O mito flutua. Seu registro é o do imaginário. Seu poder é a sensação, a emoção, a dádiva. Sua possibilidade intelectual é o prazer da interpretação. E interpretação é jogo e não certeza.
I. Aquecimento e instauração do estado
- Cachoeira e a Caninana (sem fazer roda - em duplas ou trio)
(convidar Kayami e Edu para tocar ou gravar as músicas)
- Ambiente agitado (rolar, pular, fluir)
Marcitelli rola e pula de cócoras; Alisson sobe pelas paredes; Matsuo saltos e giros de circo; currupio
outras fluências livres …
- termina com Alisson sentado no ombro de alguém
II. O homem da poltrona - Alisson sentado nos ombros de alguém joga pedaços de vidro ou taças de vidro que se quebram no chão
- enquanto há um quadro de horrores acontecendo - sofrimentos - feras e fantasmas à solta
- Samuel passa soberbo, desdenhando os sofrimentos
- chega o corcunda e declama
Deixa-te disso, criança,
Deixa de orgulho, sossega,
Olha que o mundo é um oceano
Por onde o acaso navega.
Hoje, ostentas nas salas
As tuas pomposas galas,
Os teus brasões de rainha;
Amanhã, talvez, quem sabe?
Esse teu orgulho se acabe,
Seja-te a sorte mesquinha.
Deixa de orgulho, sossega,
Olha que o mundo é um oceano
Por onde o acaso navega.
Hoje, ostentas nas salas
As tuas pomposas galas,
Os teus brasões de rainha;
Amanhã, talvez, quem sabe?
Esse teu orgulho se acabe,
Seja-te a sorte mesquinha.
- enquanto o Corcunda declama - os sofredores empurram o chão, ganham nível alto, desconstroem o homem da poltrona e o Soberbo -
- Ao final o Corcunda diz: Castro Alves
- E todos respondem desconstruindo a cena: Trasíbulo Ferraz
- em um movimento coletivo - talvez uma interjeição como o Oh (movimento da Carla) ou um “É um” (do saverô sapipi)
III. Morte (ou a ancestralidade que leva ao parto)
- Matsuo e Ana Vitória em movimentos fluidos, esvoaçantes...
- Fala
sem ser só nas palavras vividas em poesia,
pra mim a morte devia ser um voo dançado por um papagaio-pipa
– eu quero ser a aragem desse voar -
pra mim a morte devia ser um voo dançado por um papagaio-pipa
– eu quero ser a aragem desse voar -
música ancestral (batuques afro brasileiros e/ou indígenas) Isabela passa incensando (turíbalo da Lara)
cada um entra rolando em nível baixo e fica encolhido no chão em cena
- Fala
se morrer um dia vou celebrar a palavra morte com incensos e música cantada por andorinhas
– a morte anda por aí à solta
e a vida afinal parece é uma máscara…
– a morte anda por aí à solta
e a vida afinal parece é uma máscara…
Quebra com todos em “É um saverô sapipi”
IV - Nascimento
- Fala
“a palavra vida é maior que a palavra morte”,
disse-me o meu sobrinho tchiene hoje
que ainda faltam dezesseis dias pra ele nascer.
disse-me o meu sobrinho tchiene hoje
que ainda faltam dezesseis dias pra ele nascer.
Som de batuque africano por causa do Tchiene nascido em Tchien
- sacudires das religiões afrobrasileiras
movimento compartilhado do Alessandro
- entrada na malha de fardo - projeção - mixagem de som
- por dentro da malha mostram-se partes do corpo
Movimentos repetitivos
- Isabela desenvolve movimento em cócoras
- Marcitelli abre a barriga e cai de quatro
- Projeção de imagens do corpo humano por dentro
- Sons do corpo humano por dentro
- fardo vai rolando até encostar na parede
Chuva - nascimento de Adão - Vitor Gomes
- palmas e chuva
- Fala
às vezes uma chuva molhada
é uma coisa boa para escorregar momentos em direcção a mim.
quando uma chuva molhada cai sobre o mundo redondo,
as coisas da vida e a vida das coisas encontram-se num quintal vasto.
foi sob uma chuva molhada em canduras
que encontrei as barbas do meu pai num poema e o sorriso da minha mãe noutro.
é uma coisa boa para escorregar momentos em direcção a mim.
quando uma chuva molhada cai sobre o mundo redondo,
as coisas da vida e a vida das coisas encontram-se num quintal vasto.
foi sob uma chuva molhada em canduras
que encontrei as barbas do meu pai num poema e o sorriso da minha mãe noutro.
Adriel -
foi nas entrelinhas dum poema ensopado que encontrei,
várias vezes,
a autorização interna pra falar a palavra amor
[vou tentar não apagar isto: eu tenho certo receio da palavra amor, espero só que ela não me tenha receios também; seria triste].
várias vezes,
a autorização interna pra falar a palavra amor
[vou tentar não apagar isto: eu tenho certo receio da palavra amor, espero só que ela não me tenha receios também; seria triste].
Adão - da chuva vem a lama e ele nasce após um temporal ele vem da lama - o texto ajuda no nascimento - fala sobre zumbis que me repulsam - entram as figuras com movimentos amarrados para explodir em
O Grito - Ana Paula
V. A cozinha: lugar de afeto e nutrição
As “bruxas” com ervas aromáticas
Preto Velho
Cheiro de café
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