segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Fogaréu (Goiás Velho)




Uma das manifestações religiosas mais belas que acontecem na Cidade de Goiás anualmente é a Procissão do Fogaréu, que começa à meia noite da quarta-feira da semana santa. Neste dia, as encenações sobre a Paixão de Cristo movimentam a localidade, que acompanha tudo com devoção e certa curiosidade.


Na Quarta feira de trevas, acontece a Procissão do Fogaréu, única neste estilo realizada no Brasil. Simboliza a busca e prisão de cristo. Dela participam personagens encapuzados, denominados Farricocos que seriam penitentes e mantenedores da ordem. Tais personagens, são os que mais se assemelham aos existentes na Semana Santa espanhola. Cerimônias Litúrgicas e para-litúrgicas. A procissão tem início por volta das 00:00hs., com a iluminação pública apagada e ao som de tambores, saindo de frente da porta do Museu de Arte Sacra da Boa Morte, na praça principal. Segue rápida e desordenadamente até às escadarias da Igreja de N.S. do Rosário, onde encontrarão a mesa da última ceia já dispersa. Daí, segue em direção a Igreja de São Francisco de Paula, que no ato simboliza o monte das oliveiras, onde se da a prisão de Cristo, representado por um estandarte de linho pintado em duas faces pelo artista plástico Veiga Valle, no sec. XIX. Nesta cerimônia, o único ato litúrgico, é a homilia realizada pelo Bispo Diocesano, no pátio da Igreja de S. Francisco. Após a homilia, a procissão continua até o ponto de origem, encerrando.
 Musicalidade.

Durante a procissão são cantados três peças dos Motetos dos Passos, no início (Exeamus), na parada do Rosário (Domine) e após a prisão do Cristo (Pater). Também aparece a fanfarra, com tambores tocando marchas rápidas. A fanfarra foi introduzida por volta de 1965 para se conseguir silêncio. Antigamente, em seu lugar havia toques esporádicos de uma “buzina”, chifres de boi semelhante a um berrante. No momento da prisão do Cristo, também se ouve o toque de um clarim, executado por um farricoco. Aspectos folclóricos e curiosidades. A cerimônia é rica em detalhes e beleza plástica. As figuras encapuzadas remontam as cerimônias espanholas, mais especificamente as de Toledo e Sevilha e ao período da inquisição. A escuridão, as tochas, a rapidez e os encapuzados, criam um clima medieval assustador e excitante de beleza ímpar.

A superstição também está presente. Acreditava-se que o demônio estava solto pelas ruas da cidade nesta noite, aterrorizando a todos e principalmente as crianças que iam para a cama mais cedo. Originalmente, desta cerimônia só era permitido participar os homens. Outras crendices também fazem parte, relacionadas com a presença de lobisomem e mula-sem-cabeça, principalmente na zona rural.
Outro detalhe digno de nota está relacionado ao estandarte que representa o Cristo, pintura que vai até a altura do abdóme. Originalmente era uma peça inteira. Conta-se que descosturava-se a parte inferior do tecido e introduzia-se uma tábua entre as faces ventral e dorsal, mantendo-se numa forma fixa ereta semelhante a um corpo humano. A ação de traças destruiu a parte inferior. O estandarte original hoje encontra-se exposto no Museu de Arte Sacra. O utilizado na procissão é uma réplica pintada pela artista Maria Veiga, descendente de Veiga Valle[1].


Informações do blog: http://www.vilaboadegoias.com.br/fogareu.htm


[1] José Joaquim da Veiga Valle (Arraial da Meia Ponte, atual Pirenópolis, 9 de setembro de 1806 – Goiás, 24 de janeiro de 1874 1 ), em geral conhecido simplesmente por Veiga Valle, foi um artista escultor e dourador em Goiás. Sua formação artistica é pouco conhecida e supõe-se que seja autodidata.

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LABIRINTO

elenco de O labirinto, apresentaçao no encerramento do ano de 1917 no curso de teatro da UFU