Por Vitor Rodrigues
No nordeste do Pará,
especificamente no município de Bragança, acontece a Marujada, a famosa festa
em homenagem a São Benedito, o santo negro. No ano de 1789, quando os senhores
de escravos permitiram que fosse criado à irmandade em homenagem ao santo, e
como forma de agradecimento, os negros foram à casa dos seus senhores para
dançarem a Marujada.
Os homens para a Marujada
são praticamente inclusos para serem acompanhantes ou para tocarem alguns
instrumentos. A celebração é composta quase que exclusivamente por mulheres,
que são consideradas as marujas. A principal característica da Marujada é dança
no ritmo retumbão, para alguns é o próprio lundum/lundu,
por desenvolver alguns movimentos discretos e sensuais.
Segundo Luíndia Azevedo
(2001) sobre a tradição das vestimentas, as roupas das mulheres são compostas
por uma blusa branca rendada e saia rodada de cor vermelha. Compondo essa
roupa, é usado um chapéu emplumado e cheio de fitas coloridas, tornando o
componente mais vistoso do traje. No pescoço são usados colares, medalhões e
cordões. Os homens usam calça e camisa de cor branca e um chapéu de palha
revestido de panos e com uma flor na aba.
O ponto alto da festa acontece nos dias 25,
26 de dezembro e no dia 1° de janeiro, quando de fato acontece a dança Marujada,
somente nessa época do ano a predominância das cores vermelha é substituída pela
cor azul. Antes dessas datas há uma preparação que começa por meados de junho,
quando três imagens de São Benedito percorrem o município de Bragança arrecadando
donativos e votos de promesseiros.
As marujas seguem o percurso em duas filas, compostas de capitoas e
sub-capitoas. A dança é ritmada e acompanha um compasso marcado por um tambor
grande, além disso, são incrementados por vários outros instrumentos, como a
cuíca, rabeca, viola, violino e pandeiro. Os passos da dança podem lembrar os
movimentos formados pelas ondas
Em outras regiões do
Brasil, a marujada é considerada como expressões dramáticas, podendo até mesmo ser
conhecida por outros nomes como, Fandango, Chegança de Marujos, Barca e Nau
Catarineta. Porém, é importante apontar que cada uma delas possuem
singularidades distintas, e que podem ser encontradas pesquisas que fazem
apenas menção de características semelhantes.
O fandango tem vários
sentidos no Brasil. Em alguns estados do nordeste, fandango é o bailado dos
marujos ou marujada, ou ainda, chegança dos marujos ou barca. No Sul (S. Paulo,
Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul), fandango é a festa, baile com
danças regionais. Acredita-se que os portugueses tenham introduzido o fandango
no Brasil, sobretudo pelos nomes que as variações dessa dança recebem no sul do
Brasil: marrafa, manjericão, tirana, ciranda, cana verde e outras.
(AZEVEDO, L. E. (2001)
Inspirado pela Marujada, o grupo TravessiaCultural, criou o espetáculo ‘Música para Brincadeira de Roda’. A história é de
um grupo de marinheiros que navega em busca de uma nova terra, sem guerras ou
violência. Em meio a muitas cantigas e brincadeiras de roda, os personagens
Capitão General, Bucaneiro, Mediato, Caolho e o cozinheiro Abelardo vão se
revezando.
O grupo é da cidade de Jacareí, São Paulo,
teve início a esse projeto no ano de 2007, incentivado pela empresa CEBRACE. Na
primeira fase do projeto, a peça atingiu 30 mil crianças em 80 apresentações.
Já em 2008, o grupo recebeu incentivo municipal e foram feitas mais 80
apresentações, distribuídas em 40 escolas, na maioria delas da rede estadual.
Para mais informações, o texto utilizado na pesquisa é de Luíndia Azevedo, da universidade do Amazônas
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