O Maculelê é
uma manifestação cultural oriunda cidade de Santo Amaro da Purificação
– Bahia, berço também da Capoeira.
É uma expressão teatral que conta através da dança e de cânticos, a lenda de um
jovem guerreiro, que sozinho conseguiu defender sua tribo de outra tribo rival
usando apenas dois pedaços de pau, tornando-se o herói da tribo.
Sua origem é desconhecida. Uns dizem que é africana, outros afirmam que ela tenha vindo dos índios brasileiros e há até quem diga que é uma mistura dos dois. O próprio Mestre Popó do Maculelê, considerado o pai do maculelê, deixa claro a sua opinião de que o maculelê é uma invenção dos escravos no Brasil, assim como a capoeira.
Sua origem é desconhecida. Uns dizem que é africana, outros afirmam que ela tenha vindo dos índios brasileiros e há até quem diga que é uma mistura dos dois. O próprio Mestre Popó do Maculelê, considerado o pai do maculelê, deixa claro a sua opinião de que o maculelê é uma invenção dos escravos no Brasil, assim como a capoeira.
A lenda da qual
teria surgido o maculelê possui também várias versões: Em uma delas conta-se
que Maculelê era um negro fugido que tinha doença de pele. Ele foi acolhido por
uma tribo indígena e cuidado por eles, mas ainda assim não podia realizar todas
as atividades com o grupo, por não ser um índio. Certa vez Maculelê foi deixado
sozinho na aldeia, quando toda a tribo saiu para caçar. Eis que uma tribo rival
aparece para dominar o local. Maculelê, usando dois bastões, lutou sozinho
contra o grupo rival e, heroicamente, venceu a disputa. Desde então passou a
ser considerado um herói na tribo. Outra lenda fala do guerreiro indígena
Maculelê, um índio preguiçoso e que não fazia nada certo; por esta razão, os
demais homens da tribo saíam em busca de alimento e deixavam-no na tribo com as
mulheres, os idosos e as crianças. Uma tribo rival ataca, aproveitando-se da
ausência dos caçadores. Para defender a sua tribo, Maculelê, armado apenas com
dois bastões já que os demais índios da sua tribo haviam levado todas as armas para
caçar, enfrenta e mata os invasores da tribo inimiga, morrendo pelas feridas do
combate. Maculelê passa a ser o herói da tribo e sua técnica reverenciada. Conta
outra lenda que a encenação do Maculelê baseia-se em um episódio épico ocorrido
numa aldeia primitiva do reino de Ioruba, em que, certa vez, saíram os
guerreiros juntos para caçar, permanecendo na aldeia apenas 22 homens, na
maioria idosa, junto das mulheres e crianças. Disso aproveitou-se uma tribo
inimiga para atacar, com maior número de guerreiros. Os 22 homens remanescentes
teriam então se armado de curtos bastões de pau e enfrentado os invasores,
demonstrando tanta coragem que conseguiram colocá-los em debandada. Quando
retornaram os outros guerreiros, tomaram conhecimento do ocorrido e promoveram
grande festa, na qual os 22 homens demonstraram a forma pela qual combateram os
invasores. O episódio passou então a ser comemorado frequentemente pelos
membros da tribo, enriquecido com música característica e movimentos corporais
peculiares. A dança seria assim uma homenagem à coragem daqueles bravos
guerreiros.
Podemos ver que a primeira lenda indica a mistura
da cultura africana com a indígena quando se diz que um “negro fugido” é
acolhido por uma “tribo indígena”. Na outra já não há a menção de negro fugido
ou escravo, o protagonista era o “índio preguiçoso”. Indicação da origem
indígena. E por fim, na terceira versão diz que o episódio aconteceu em uma
“aldeia primitiva no reino de Ioruba”. Indicação de origem africana.
Há muitas outras versões de lendas sobre o
Maculelê, mas todas sustentam a versão de um guerreiro sozinho, enfrentando a
invasão inimiga com apenas dois bastões.
Por muito tempo o maculelê foi apresentado nas ruas
e praças da cidade, nos dias de festa da padroeira conforme Mestre Popó,
explica com suas próprias palavras em uma entrevista cedida à Maria Mutti em
16/12/1968 em Santo Amaro – Bahia:
“Segundo Mestre Popó, Maculelê é luta e dança ao
mesmo tempo, se um feitor aparecia na senzala à noite, pensava que era a
maneira de adoração aos deuses das terras deles (dos negros escravos), as
músicas não davam ao feitor entender o que eles cantavam.
A festa era realizada de 8 de dezembro (consagração
de Nossa Senhora da Conceição) e 2 de fevereiro (dia de Yemanjá) em Santo Amaro
da Purificação. Acontecia nas praças e nas ruas da cidade e era considerada uma
festa ``profana'' realizada pelos negros escravos.
“em marcha guizada, a ``Marcha de Angola’’, que tem
algo de Capoeira e de Samba, tudo isso em Movimentos sempre ao compasso das
batidas das grimas (bastões).”
FONTE: http://hojetemcapoeira.blogspot.com.br/2012/10/maculele-origem-e-historia-da-danca.html
Mestre Popó do Maculelê
No início do século XX, com a morte dos mestres do
Maculelê, a manifestação deixou de acontecer por muitos anos, até que em 1943,
Paulino Aluisio de Andrade, o Mestre Popó do Maculelê, resolve reunir parentes
e amigos para ensinar a dança baseado em suas antigas lembranças. Consegue
então resgatar o Maculelê e forma o Conjunto de Maculelê de Santo Amaro o
qual ganhou grande fama. Mestre Popó começou a aprender o Maculêle com um grupo
de pretos velhos, ex-escravos Malês, livres. Segundo ele já não tinha mais
escravidão nessa época e eles se reuniam à noite: João Oléa, Tia Jô e Zé do
Brinquinho: "eles eram livres, mas quem botou o Maculelê fui eu
mesmo" (Popó).
Segundo Plínio de Almeida (Pequena História do Maculêle)
o Maculêle existe desde 1757 em Santo Amaro da Purificação e as cores branca e
vermelha nos rostos, que assustavam as pessoas, poderia ser símbolos de algumas
tribos Africanas, como por exemplo, os Iorubas. Mas na verdade fica muito
difícil identificar exatamente à qual grupo étnico está associado à origem do
Maculêle. Podemos citar, por exemplo: os Cabindas, os Gêges, os Angolas os
Moçambiques, os Congos, os Minas, os Cababas.
Instrumentos
O instrumento fundamental no maculelê é o atabaque.
Na época de Mestre Popó eram usados três atabaques seguindo a formação do
candomblé. Outros instrumentos como o agogô e o ganzá também eram tocados
durante a apresentação. Hoje vemos apresentações de maculelê, na maioria das
vezes somente com o atabaque.
Indumentária e Pintura
Na época de Mestre Popó a indumentária era simples,
de acordo com as condições cotidianas dos dançarinos. Geralmente usavam camisas
e calças comuns aos africanos, de algodão cru e pés descalços.
Estes pintavam os rostos e as partes desnudas com
tintas feitas com restos de fuligem de carvão ou de fundo de panelas.
Exageravam na tintura vermelha que usavam na boca que era feita com sementes de
urucum. Algumas pessoas do grupo empoavam suas cabeleiras com farinha de trigo,
usavam touca nas cabeças ou lenço no pescoço.
FONTE: http://hojetemcapoeira.blogspot.com.br/2012/10/maculele-origem-e-historia-da-danca.html
Cânticos
Muitos dos cânticos do maculelê, provém dos
candomblés de caboclo, alguns das canções de escravos e outros até fazem
menções à cultura indígena. Os cânticos acompanham o desenrolar da apresentação
do maculelê. Cada parte da encenação do maculelê tem a sua cantiga certa que
acompanha. São muitos os cânticos do maculelê e cada grupo tem os seus
prediletos. Eis alguns deles cantados antigamente na época de Mestre Popó:
Cântico para saudação:
Ô boa noite pra quem é de boa noite/Ô bom dia pra
quem é de bom dia/A benção meu papai a benção/Maculêle é o rei da valentia.
Homenagem à Princesa Isabel: (alguns homenageiam Zumbi dos Palmares):
Vamos todos louva/A nossa nação brasileira/Viva a
dona Isabel (ou Zumbi dos Palmares) /Ai meu Deus/Que nos livrou do cativeiro
Peditório: (ocorre nas saídas às ruas):
Deus que lhe dê, ê/Deus que lhe dá, á/Lhe dê
dinheiro/Como areia no mar.
Louvação aos pretos de Cabindas ou Louvor a Nossa
senhora da Conceição:
Nós somos pretos da Cabinda de Aruanda/A Conceição
viemos louvar/Aranda ê, ê, ê/Aranda ê, ê, á.
Fulô da Jurema, de influência indígena:
Você bebeu Jurema/Você se embriagou/Com a fulô do
mesmo pau/Vosmicê se levanto.
Saudação de chegança:
Ô sinhô dono da casa/Nós viemos aqui lhe vê/Viemos
lhe pergunta/Como passa vosmicê
Saudação de despedida:
Quando eu for embora ê/Todo mundo chora ê.
Em cena
Durante a apresentação do maculelê, os componentes,
que representam a tribo rival, formam um círculo em volta de uma pessoa, que
representa o herói. Todos sustentando um par de bastões nas mãos. O desenrolar
da história é contado através dos cânticos que são respondidos em coro. Além do
coro os componentes batem os bastões (grimas) no ritmo do atabaque que é tocado
pelo mestre do maculelê.
A coreografia, a maquiagem, o figurino, os
elementos ritualísticos e a forma como os corpos se comportam durante o jogo
nos remetem, sob meu olhar, a um objeto adjetivo pois, segundo Armindo Bião em
seu texto “Um trajeto, muitos projetos” ele considera que são objetos adjetivos
as “ formas sociais de
representação, aparentadas às do teatro e da ópera, por exemplo, formas de
padrões corporais ritmados, como os compartilhados com a dança e a música
cênica, formas de brincadeira comunitária, assim como certos folguedos, e
formas de ações coletivas envolvendo o prazer do testemunho do risco físico,
como as artes circenses, por exemplo. É o campo dos rituais religiosos e
políticos, dos festejos públicos,...” Mas, em contrapartida podemos inserir o Maculelê como objeto substantivo quando o grupo foi criado com o intuito de participar de concursos (video 2). Segundo Bião os objetos substantivos "Seriam
esses objetos aqueles criados, produzidos e pensados, pelas comunidades nas
quais ocorrem, como atos explicitamente voltados para o gozo público e
coletivo, enquanto atos concretos de realização reconhecível por todos como
“arte”, em seu sentido o mais gratuito e simplificado, tendo como função
precípua o divertimento, o prazer e a fruição estética (no sentido sensorial e
de padrão compartilhado de beleza) e, em última instância, o conforto
comunitário menos compromissado com outras esferas da vida."
Fonte: http://www.guiageo-esporte.com/lutas/maculele.htm
O Maculelê hoje
Hoje o maculelê se mantém preservado graças à sua
incorporação por grupos de capoeira, que incluíram a dança nas suas
apresentações em batizados e festas populares. Os componentes se apresentam
vestidos de saia de sisal, sem camisa e com pinturas pelo corpo. Há também
alguns grupos que preferem se apresentar com seus abadás usuais, incorporando
novas leituras e adaptações ao longo de sua existência como manifestação
cultural.
O maculelê faz parte do folclore brasileiro e deve
ser preservado como patrimônio cultural, assim como a capoeira. Deve ser
mantido e respeitado como tradição. Seja ela trazida por nossos irmãos
africanos ou criada pelos nativos indígenas, a beleza do maculelê traz em si os
traços da miscigenação cultural de um país onde a cultura é a mais rica do
mundo.
Video 1: Exemplo de apresentação de Maculelê com o Grupo Cordão de Ouro de Viçosa-MG
(Objeto adjetivo)
Vídeo 2: Apresentação do Colégio Marista São Luís-MA
Coreografia: Julcélio Nóbrega
(Objeto Substantivo)
Vídeo3: A Verdadeira História do Maculelê produzido pelo Ministério da Cultura.
FONTE Texto:
http://capoeiraexports.blogspot.com.br/2011/01/maculele-origem-e-historia.html
Links para videos: (Vídeo1) https://www.youtube.com/watch?v=NOHoBaPiVl0
(Vídeo2) https://www.youtube.com/watch?v=0Prr3vUlHgc
(Vídeo3) https://www.youtube.com/watch?v=dmC-YiUbfzo
(Vídeo3) https://www.youtube.com/watch?v=dmC-YiUbfzo
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