Thiago Augusto
“Leve. Cômico. Poético. Trágico. E
mais do que isso: revelador. O Brasil não conhecia o povo da Bahia: os
moradores, os malandros, as crianças. Fala-se muito do acarajé, do turismo, do
vatapá. Mas não se comenta da base, o povão. Aqueles que dão vida a Bahia.”
Com a declaração acima, Rodrigo de
Andrade, ator da Cia. dos Atores Invisíveis do Rio de Janeiro, descreve suas
impressões sobre o espetáculo baiano “Ó paí, ó”, criação do Bando de Teatro
Olodum, fundado em Salvador em outubro de 1990 pelos diretores Chica Carelli e
Márcio Meirelles. E é bem nessa temática que o espetáculo funciona, ao menos é
o que se encontra na internet à respeito da montagem.
O espetáculo “Ó paí, ó” estreou em
1992 e integra, junto com “Essa é a nossa praia” (1991) e “Bai, Bai, Pelô”
(1993), a chamada Trilogia do Pelô, série de espetáculos que abordam como tema
central o Centro Histórico de Salvador e seus moradores. A trama foi escrita
como forma de protesto contra Antônio Carlos Magalhães, que expulsou os
moradores do Pelourinho, para restaurá-lo. E é o povo do Pelourinho que o Bando
desejou trazer para a cena. Com arquetípicos, um tanto engraçados como a baiana
do Acarajé, a dona do bar, o aspirante a cantor, o marginal, a evangélica,
entre tantos outros, o grupo parece ter conseguido.
“Ó paí, Ó” é uma gíria usada em
algumas regiões da Bahia e também do Nordeste. É, na verdade, a contração de
"olhe para isso aí, olhe!". E o Brasil olhou mesmo. A peça se
transformou em filme, lançado em 2007, dirigido por Monique Gardenberg. Posteriormente
foi parar na televisão em formato de série, lançada em 31 de outubro de 2008,
dirigida por Guel Arraes e com textos assinados por João Falcão, Guel Arraes e
Adriana Falcão. Sempre com o mesmo titulo e tendo em sua maioria, atores do
Bando de Teatro Olodum.
REFERÊNCIAS
SANTANA, André Luís. Ó pai, ó: a cultura popular negra em cena. Salvador,
Bahia. 2010
ANDRADE, Rangel. Olhe para isso, olhe. Rio do Janeiro. 2008
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