sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A Projetista solo de Dudude Herrmann




Dudude cria um espetáculo lírico, performático, um desabafo e o manifesto de mais um artista criador de nosso tempo frente aos mecanismos que viabilizam a cultura e a arte no Brasil, ao trazer para a cena teatral uma discussão a respeito das leis de incentivo e suas contradições envolvendo o artista nos planos da criação e da burocracia.Dudude Hermann, de forma objetiva, interrompe o espetáculo e conversa com a plateia.

fonte: www.facebook.com/Dudude.Herrmann/media


O que acontece em cena é a realidade artística da performer, que utiliza para o desenvolvimento de sua cena a realidade no campo dos projetos, abrindo a problemática da burocracia das leis de incentivo à cultura.


fonte:www.dudude.com.br/
Ela inicia o espetáculo debruçada em uma mesa com pilhas e pilhas de editais, cópias de projetos e em um determinado instante, numa explosão de energia, ela joga tudo para cima e diz:  “Eu vou viver o aqui e agora e vou mostrar para vocês o meu trabalho”. Com isso, inicia uma aula de dança e improvisação, penetrando no espaço e no imaginário da plateia com questões colocadas numa urgência aflitiva e poética, criando assim um espaço de reflexão e crítica da forma e dos meios de “estímulos” que existem para os trabalhadores e pesquisadores de todos os campos do conhecimento: Artistas independentes vivem essa ambiguidade nas relações de trabalho.

 fonte:www.dudude.com.br/
A performance é um trânsito entre dança, teatro, palestra e improvisação, abre um campo experimental e aproxima linguagens, afirmando a hibridez no acontecimento artístico

(...) quando um determinado limiar crítico é ultrapassado a cultura é "reordenada"

Hibridismo cultural, Peter Burke (pg 114)


 fonte:www.dudude.com.br/
“A projetista é um passeio pela história e pela condição da arte em nosso país, de maneira poética, lúdica, nostálgica e realista. Dudude consegue com sua excelência de qualidade de movimento falar com o corpo de forma clara, inteligente e competente. É uma obra de arte necessária e emocionante” (Suely Machado. Coreografa, diretora e fundadora do grupo 1º ato.)

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O espetáculo teatral se desenvolve com: o corpo, o movimento, o indivíduo, a questão dos projetos, a palavra, o espaço cênico, a platéia, a mesa, o público, a sonoplastia, a luz, a sombra, a vida, o mundo, a sociedade.

(...) quando um determinado limiar crítico é ultrapassado" a cultura é "reordenada"
Hibridismo cultural por Peter Burke (pg 114)


fonte:www.dudude.com.br/
 “O que importa é que foi um fenômeno de clarificação, como se uma sociedade de repente visse o que ela continha de intolerável e também viu a possibilidade de algo mais. É um fenômeno coletivo como: ‘um pouco de possível, senão eu sufoco. O possível não existe antes, é criado pelo acontecimento, cria uma nova existência, produz uma nova subjetividade, nova relação com o corpo, o tempo da sexualidade, o meio, a cultura, o trabalho.” (Deleuze e Guattari - mai 68 n’a pas eu lieu. les neovelles, Paris, 3 maio de 1984). 




A presença da atriz e sua corporeidade, como construtoras de ambiência, criam juntos um todo potente e simbólico. A performance é um desabafo público sensível, satiriza as dinâmicas dos editais, da burocracia, das políticas públicas de fomento à cultura que obriga os artistas a entrarem no campo dos “projetos”. Tais questões, como: “Como fica nosso tempo presente? Como fica nosso projeto de vida diante dessa formatação em excesso neste jogo de produções artísticas descartáveis?”, são colocadas em jogo e nos levam a refletir se é possível simplificar as leis para deixar o artista livre para aprofundar sua estética, linguagem e investigação artística, discutindo o modo de vida na atualidade.


fonte:www.dudude.com.br/

Uma andarilha efêmera sempre em busca daquilo que nasce no improviso...

Um comentário:

  1. O hibridismo aqui apontado não é cultural, é intrínseco às lingiagens artísticas.

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LABIRINTO

elenco de O labirinto, apresentaçao no encerramento do ano de 1917 no curso de teatro da UFU