"LÁ
VEM O SOL
LÁ VEM A LUA
LÁ VEM BOI DE JANEIRO
PASSEANDO PELA RUA"
Boi
de Janeiro é uma manifestação cultural derivada do conhecido
Bumba-Meu-Boi, no qual podemos encontrar características de origem
portuguesa, indígena e africana.
“Da
cultura negra, veio o nome (bumba é um termo congolês que quer
dizer pancada e se refere à chifrada do animal), o ritmo da música
e os personagens escravos que representam os vaqueiros. Para alguns
estudiosos, o "bumba" vem do som da zabumba, mas, para
outros, trata-se de uma interjeição, que daria à expressão
sentidos vários como "Vamos, meu boi!", "Agüenta,
meu boi" ou "Bate, meu boi!". Nas fazendas, os cativos
teriam misturado suas tradições africanas (como a do boi geroa) a
outras européias dos senhores (como a tourada espanhola, as
tourinhas portuguesas e o boeuf gras francês), numa celebração que
tematizava as relações de poder e uma certa religiosidade, sendo,
inicialmente, alvo de grande repressão. A figura do boi, lembra as
tourinhas portuguesas, falsas touradas em que bois enfeitados davam
chifradas em vaqueiros fictícios. A história do boi confiado a um
vaqueiro que acaba matando o animal – ressuscitado no final – é
uma alusão às festas de ressurreição animal, comuns entre os
índios brasileiros.” (http://www.folclore.adm.br/dancas.html).
Neste
post vamos focar na tradição Boi de Janeiro que acontece no estado
de Minas Gerais, no Vale do Jequitinhonha, transitando em algumas
regiões nas quais – quase - fazem fronteira com o estado da
Bahia. A cidades que vamos “percorrer” são: Rubim,
Jequitinhonha, Itaobim e Pedra Azul.
O
boi em Rubim...
fotos: http://madeinrubim.wordpress.com/historia/boi/boi-coquis/
Durante
os seis primeiros dias do ano a cidade de Rubim vai atrás do famoso
Boi de Janeiro. O grupo folclórico 'Os Coquis' (o único que mantém
a tradição na cidade) circula cantando os louvores aos Santos Reis,
Bom Jesus e São Sebastião. Logo se percebe a forte ligação da
manifestação aos Reisados – Folia de Reis.
“Os
Coquis surgiu por volta do ano de 1937,
naquele ano estando muito doente, Maria Eulália decidiu fazer uma
promessa à Santo Reis, ela pedia a sua cura, em troca sairia as ruas
com rezas em louvor ao santo. Já na década de 40, ela decidiu
cumprir a promessa, pois depois da promessa ela ficou apenas mais 6
meses doente. Ela criou um grupo para sair as ruas cantando os
louvores, inicialmente formado apenas por poucos familiares, que por
serem alegres e catarem encantadoramente, foi denominado Coquis, nome
dado pela comunidade local mesmo. Surgindo assim o principal grupo
cultural, tradicional e folclórico da cidade de Rubim-MG, os COQUIS,
que todos os anos leva as ruas o Boi de Janeiro. Após a morte da
propulsora do grupo, sua filha Dona Maria das Dores, quem até hoje
está a frente dos Coquis, tratou de continuar o pagamento desta
promessa.”
(http://madeinrubim.wordpress.com/historia/boi/boi-coquis/)
Os
personagens presentes na festa do Boi de Janeiro da cidade de Rubim
são: Boi
de Janeiro, Maria Manteiga, João Calado (Bate-na-cara), Lobinha de
Ouro, O Velho, Os Foliões e As pastorinhas.
Festa do Boi de Janeiro em Rubim
Por aqui você pode acompanhar mais sobre a tradição do Boi em
Rubim.
… E
por aqui a notícia da ameaça de acabar com a festa do boi na cidade
O
Boi em Jequitinhonha...
História
passada por tradição oral, conta-se que o Boi de Janeiro na cidade
de Jequitinhonha, manifestou pela primeira vez em 1910.
“...
o folguedo já era apresentado junto às tradicionais festividades de
fim de ano, por iniciativa de um homem que passou à história com o
nome de Olinto Barretão. A letra da música que animava o boi, pelo
que se sabe, havia sido composta pelo ano de 1905, por um vaqueiro
apelidado de Juca Doido, cujo apelido derivara de sua personalidade
extrovertida e brincalhona.”
(http://www.achetudoeregiao.com.br/mg/Jequitinhonha/turismo.htm)
A
festa também acontece entre os dias 1 a 6 de Janeiro, sendo que no
último dia se revelam e louvam as belezas do animal. Dia em que
acontece a repartição do boi, mais importante dia de festa em que a
cidade é convidada a sair para apreciar e louvar o animal, através
dos cantares
“Povo
de Jequitinhonha vem apreciá ...
Venha ver o boi janeiro que aqui não há...
Povo de Jequitinhonha. venha dar valor ...
Venha ver o boi janeiro passeando em flor”
Venha ver o boi janeiro que aqui não há...
Povo de Jequitinhonha. venha dar valor ...
Venha ver o boi janeiro passeando em flor”
Durante
a repartição, se mantém a tradição e crítica aos poderosos da
cidade: “os pedaços menos nobres vão para os mais ricos – “as
tripas finas para as mulheres grafinas, as tripas grossas para as
granfinas da roça”. Já os pobres são agraciados com as partes
sublimes.”
Conta-se
que, anteriormente após o falecimento de Olinto Barretão, “a
manifestação passou para o Sr. Fostino D’Luca, que manteve a
tradição até meados da década de 90. Posteriormente, ficou sob
responsabilidade da Sra. Alda e do Sr. Leonardo, funcionando até o
ano de 1997, sendo reativado no ano de 2002, por Elza Pereira de
Andrade, mais conhecida como “Dona Elza Có”.
(http://www.soujequi.com/manifestaccedilotildees-culturais.html).
A
referência que se tem hoje, sobre a manifestação, na cidade é na
sede da Associação dos Artesãos de Jequitinhonha, que há 10 anos
entre 20 jovens e adultos, mantém a tradição.
Não
foi possível achar mais informações sobre como se dá a festa em
Jequitinhonha, os personagens que aparecem, as danças que
acontecem.... Apenas um registro de que a manifestação se aproxima
bastante com as tradições de Bumba-meu-boi no estado da Bahia.
(Portanto,
quem souber de mais informações para compartilhar... Ajude-nos a
completar).
O
Boi em Itaobim...
fotos: http://www.asminasgerais.com.br/?item=ALBUM&codAlbum=1458
“A
música começa e os meninos vestem o chinelo e mal têm tempo de
avisar a mãe aonde vão. Não podem perder a chance de atiçar o Boi
que vêm pelas ruas de pedras partidas do município de Itaobim, no
baixo Vale do Jequitinhonha. O Boi vem sem dó, corre para pegar,
assusta, é grande, faz balanceio de corpo inteiro. Pegar mesmo ele
não pega não, mas que dá medo dá. E quem não quer sair nas ruas
para viver ano a ano o medo, a coragem e a conquista de conseguir
provocar o Boi?” Renata Meirelles
Em
Itaobim conta-se que Maria Rodrigues Moura (mais conhecida como Maria
Trovão), chegou em Itaobim na década de 30, vinda de um distrito
chamado Guaranilândia e em 1951 criou para a cidade a lenda do Boi
de Janeiro (também conhecida como Boi de Maria Trovão:
“personagem
feito com a cabeça de um boi e a armação do corpo como um balaio
de taquara, revestido com um pano de Xita estampado, feito pelo Sr.
Laurindo encomendado pelo Sr. Otacílio Barbosa Lima, vulgo Sr. Zoita
de quem Maria conseguiu emprestado para fazer a sua 1ª
apresentação.”
(http://www.asminasgerais.com.br/?item=ALBUM&codAlbum=1458).
Os
personagens que acompanham o Boi de Maria Trovão na cidade de
Itaobim, entre os dias 1 a 6 de Janeiro são: A Nega (com 4 metros de
altura, cabelos longos e seios fartos), A Mulinha e (claro) Os
Foliões.
Tanto o boi como a nega, tem uma pessoa em baixo da estrutura
dançando e correndo atrás daqueles que o instigam.
Festa do Boi de Janeiro em Itaobim
Para
os adeptos ao Facebook, podem acompanhar a fan
page
Boi de Janeiro e Nega Maluca Maria Trovão
Aqui você encontra uma linda descrição de Renata Meirelles sobre um dia de festa na cidade. Uma forma de nos aproximar dessa tradição, por vezes tão distante da nossa região.
“Para
quem acha que mês de janeiro não é mês de Boi, engana-se, no
município de Itaobim, a terra da manga, o Boi de Janeiro está firme
e forte.” Renata Meirelles
Mais informações aqui.
O
Boi em Pedra Azul...
fotos: http://www.pedraazul-mg.com/2014/01/fotos-da-festa-do-boi-de-janeiro.html
A
cidade (também conhecida como Pricesinha do Sertão) Pedra Azul,
fica em festa durante os seis primeiros dias de Janeiro. A cidade
enche-se de cor e música...
Dessa
vez, diferente da cidade de Itaobim, quem acompanha o boi é sua
companheira Maria Teresa, uma boneca gigante feita de estrutura de
arame e pano e os foliões, fazendo a música para o boi e quem o
acompanha.
“Os
grupos de foliões (nome que dado as pessoas que tocam os
instrumentos enquanto o boi “samba”), geralmente pessoas dos
bairros periféricos da cidade, esbanjam criatividade e sabedoria
popular, ao entoar canções que trazem misticismo, religião e
crença popular.”
(http://jovenscomunicadores.ning.com/forum/topics/boi-de-janeiro-alegria-e).
O
rítmo que se ouve quando os reiseiros e boi vêm chegando é “mais
chegado para o Afro, com gaitas, sanfona, pandeiro, triângulo, caixa
e bumbo. A pessoa que comanda o Reisado é chamado de “Mestre” e
acompanha os instrumentistas no decorrer dos dias em que o boi entra
em cena”.
(http://www.pedraazul-mg.com/2013/08/o-boi-de-janeiro-o-mais-tradicional.html)
A
construção do boi se dá de uma forma bem interessante, com bambu,
arame, madeira e papelão, já a cabeça é mesmo do animal de
verdade e cobrindo toda a estrutura vem um tecido de chita bem
colorido.
Já
a construção da boneca Maria Teresa se dá com bambu, taquara e
balaio, sua roupa e braços são feitos de tecidos bem coloridos,o
pescoço e a cabeça de enchimento cobertos com uma peruca. Dizem que
se cria um paradoxo entre a sua falta de beleza e simpatia.
Dentro
da casa acontece da seguinte maneira:
“Quando
o dono da casa solicita, os instrumentistas apresentam apenas com o
bumbo, caixa, triângulos e palmas. Neste momento, o mestre joga o
verso, o boi e a boneca dançam num passo miudinho, dando rodadas e
mais rodadas. Neste momento, os acompanhantes responde aos versos
cantados pelo mestre. Quando o boi deixa a casa, recebe uma
pequena importância de gratificação pelo espetáculo apresentado e
os reiseiros, então fazem o agradecimento em verso:
Deus
lhe pague a tua esmola
Deus
lhe dê muito o que dá
No
reino do só se vendo
Sentando
em um bom lugar
Deus
lhe pague a tua esmola
O
senhor e a senhora
Sua
cama está bem feita
Nos
pés de Nossa Senhora.”
(http://www.pedraazul-mg.com/2013/08/o-boi-de-janeiro-o-mais-tradicional.html)
A
manifestação homenageia os Três reis Magos ou Santos Reis e faz
parte da conhecida festa de Reisado. Os reiseiros passam de casa em
casa na cidade, fazendo suaa cantoria e louvoures. Junto deles vem
uma pessoa dentro da estrutura do boi e outra na estrutura de Maria
Teresa, sua companheira “que dança em movimentos espaçosos à
frente do Boi, e como dizem no vocabulário da região, saem
enrabando as crianças (ou seja, correm atráz das crianças)”.
(http://jovenscomunicadores.ning.com/forum/topics/boi-de-janeiro-alegria-e).
No
último dia de festa, dia 6 de Janeiro, todos os 'bois' dos grupos da
cidade se reúnem para dançar juntos. Antigamente havia a disputa
para decidir qual grupo levaria Maria Teresa para desfilar no ano
seguinte.Hoje a disputa já não ocorre e todos os grupos ganham um
troféu pela participação na festa.
Aqui
você encontra mais informações sobre a festa do Boi de Janeiro em
Pedra Azul
Referências bibliográficas:
http://www.soujequi.com/manifestaccedilotildees-culturais.html
http://madeinrubim.wordpress.com/historia/boi/boi-coquis/
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