quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Boi-de Janeiro - aqui por Minas Gerais

"LÁ VEM O SOL
LÁ VEM A LUA
LÁ VEM BOI DE JANEIRO PASSEANDO PELA RUA"

Boi de Janeiro é uma manifestação cultural derivada do conhecido Bumba-Meu-Boi, no qual podemos encontrar características de origem portuguesa, indígena e africana.

Da cultura negra, veio o nome (bumba é um termo congolês que quer dizer pancada e se refere à chifrada do animal), o ritmo da música e os personagens escravos que representam os vaqueiros. Para alguns estudiosos, o "bumba" vem do som da zabumba, mas, para outros, trata-se de uma interjeição, que daria à expressão sentidos vários como "Vamos, meu boi!", "Agüenta, meu boi" ou "Bate, meu boi!". Nas fazendas, os cativos teriam misturado suas tradições africanas (como a do boi geroa) a outras européias dos senhores (como a tourada espanhola, as tourinhas portuguesas e o boeuf gras francês), numa celebração que tematizava as relações de poder e uma certa religiosidade, sendo, inicialmente, alvo de grande repressão. A figura do boi, lembra as tourinhas portuguesas, falsas touradas em que bois enfeitados davam chifradas em vaqueiros fictícios. A história do boi confiado a um vaqueiro que acaba matando o animal – ressuscitado no final – é uma alusão às festas de ressurreição animal, comuns entre os índios brasileiros.” (http://www.folclore.adm.br/dancas.html).


Neste post vamos focar na tradição Boi de Janeiro que acontece no estado de Minas Gerais, no Vale do Jequitinhonha, transitando em algumas regiões nas quais – quase - fazem fronteira com o estado da Bahia. A cidades que vamos “percorrer” são: Rubim, Jequitinhonha, Itaobim e Pedra Azul.


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O boi em Rubim...

fotos: http://madeinrubim.wordpress.com/historia/boi/boi-coquis/

Durante os seis primeiros dias do ano a cidade de Rubim vai atrás do famoso Boi de Janeiro. O grupo folclórico 'Os Coquis' (o único que mantém a tradição na cidade) circula cantando os louvores aos Santos Reis, Bom Jesus e São Sebastião. Logo se percebe a forte ligação da manifestação aos Reisados – Folia de Reis.

Os Coquis surgiu por volta do ano de 1937, naquele ano estando muito doente, Maria Eulália decidiu fazer uma promessa à Santo Reis, ela pedia a sua cura, em troca sairia as ruas com rezas em louvor ao santo. Já na década de 40, ela decidiu cumprir a promessa, pois depois da promessa ela ficou apenas mais 6 meses doente. Ela criou um grupo para sair as ruas cantando os louvores, inicialmente formado apenas por poucos familiares, que por serem alegres e catarem encantadoramente, foi denominado Coquis, nome dado pela comunidade local mesmo. Surgindo assim o principal grupo cultural, tradicional e folclórico da cidade de Rubim-MG, os COQUIS, que todos os anos leva as ruas o Boi de Janeiro. Após a morte da propulsora do grupo, sua filha Dona Maria das Dores, quem até hoje está a frente dos Coquis, tratou de continuar o pagamento desta promessa.” (http://madeinrubim.wordpress.com/historia/boi/boi-coquis/)

Os personagens presentes na festa do Boi de Janeiro da cidade de Rubim são: Boi de Janeiro, Maria Manteiga, João Calado (Bate-na-cara), Lobinha de Ouro, O Velho, Os Foliões e As pastorinhas.

Festa do Boi de Janeiro em Rubim


Por aqui você pode acompanhar mais sobre a tradição do Boi em Rubim. 

E por aqui a notícia da ameaça de acabar com a festa do boi na cidade


O Boi em Jequitinhonha...

História passada por tradição oral, conta-se que o Boi de Janeiro na cidade de Jequitinhonha, manifestou pela primeira vez em 1910.

... o folguedo já era apresentado junto às tradicionais festividades de fim de ano, por iniciativa de um homem que passou à história com o nome de Olinto Barretão. A letra da música que animava o boi, pelo que se sabe, havia sido composta pelo ano de 1905, por um vaqueiro apelidado de Juca Doido, cujo apelido derivara de sua personalidade extrovertida e brincalhona.” (http://www.achetudoeregiao.com.br/mg/Jequitinhonha/turismo.htm)

A festa também acontece entre os dias 1 a 6 de Janeiro, sendo que no último dia se revelam e louvam as belezas do animal. Dia em que acontece a repartição do boi, mais importante dia de festa em que a cidade é convidada a sair para apreciar e louvar o animal, através dos cantares
Povo de Jequitinhonha vem apreciá ...
Venha ver o boi janeiro que aqui não há...
Povo de Jequitinhonha. venha dar valor ...
Venha ver o boi janeiro passeando em flor”

Durante a repartição, se mantém a tradição e crítica aos poderosos da cidade: “os pedaços menos nobres vão para os mais ricos – “as tripas finas para as mulheres grafinas, as tripas grossas para as granfinas da roça”. Já os pobres são agraciados com as partes sublimes.”
Conta-se que, anteriormente após o falecimento de Olinto Barretão, “a manifestação passou para o Sr. Fostino D’Luca, que manteve a tradição até meados da década de 90. Posteriormente, ficou sob responsabilidade da Sra. Alda e do Sr. Leonardo, funcionando até o ano de 1997, sendo reativado no ano de 2002, por Elza Pereira de Andrade, mais conhecida como “Dona Elza Có”. (http://www.soujequi.com/manifestaccedilotildees-culturais.html).
A referência que se tem hoje, sobre a manifestação, na cidade é na sede da Associação dos Artesãos de Jequitinhonha, que há 10 anos entre 20 jovens e adultos, mantém a tradição.

Não foi possível achar mais informações sobre como se dá a festa em Jequitinhonha, os personagens que aparecem, as danças que acontecem.... Apenas um registro de que a manifestação se aproxima bastante com as tradições de Bumba-meu-boi no estado da Bahia.

(Portanto, quem souber de mais informações para compartilhar... Ajude-nos a completar).

O Boi em Itaobim...

fotos: http://www.asminasgerais.com.br/?item=ALBUM&codAlbum=1458

A música começa e os meninos vestem o chinelo e mal têm tempo de avisar a mãe aonde vão. Não podem perder a chance de atiçar o Boi que vêm pelas ruas de pedras partidas do município de Itaobim, no baixo Vale do Jequitinhonha. O Boi vem sem dó, corre para pegar, assusta, é grande, faz balanceio de corpo inteiro. Pegar mesmo ele não pega não, mas que dá medo dá. E quem não quer sair nas ruas para viver ano a ano o medo, a coragem e a conquista de conseguir provocar o Boi?” Renata Meirelles

Em Itaobim conta-se que Maria Rodrigues Moura (mais conhecida como Maria Trovão), chegou em Itaobim na década de 30, vinda de um distrito chamado Guaranilândia e em 1951 criou para a cidade a lenda do Boi de Janeiro (também conhecida como Boi de Maria Trovão:

personagem feito com a cabeça de um boi e a armação do corpo como um balaio de taquara, revestido com um pano de Xita estampado, feito pelo Sr. Laurindo encomendado pelo Sr. Otacílio Barbosa Lima, vulgo Sr. Zoita de quem Maria conseguiu emprestado para fazer a sua 1ª apresentação.” (http://www.asminasgerais.com.br/?item=ALBUM&codAlbum=1458).

Os personagens que acompanham o Boi de Maria Trovão na cidade de Itaobim, entre os dias 1 a 6 de Janeiro são: A Nega (com 4 metros de altura, cabelos longos e seios fartos), A Mulinha e (claro) Os Foliões.
Tanto o boi como a nega, tem uma pessoa em baixo da estrutura dançando e correndo atrás daqueles que o instigam.


Festa do Boi de Janeiro em Itaobim


Para os adeptos ao Facebook, podem acompanhar a fan page Boi de Janeiro e Nega Maluca Maria Trovão


Aqui você encontra uma linda descrição de Renata Meirelles sobre um dia de festa na cidade. Uma forma de nos aproximar dessa tradição, por vezes tão distante da nossa região.

Para quem acha que mês de janeiro não é mês de Boi, engana-se, no município de Itaobim, a terra da manga, o Boi de Janeiro está firme e forte.” Renata Meirelles

Mais informações aqui.

O Boi em Pedra Azul...
fotos: http://www.pedraazul-mg.com/2014/01/fotos-da-festa-do-boi-de-janeiro.html

A cidade (também conhecida como Pricesinha do Sertão) Pedra Azul, fica em festa durante os seis primeiros dias de Janeiro. A cidade enche-se de cor e música...
Dessa vez, diferente da cidade de Itaobim, quem acompanha o boi é sua companheira Maria Teresa, uma boneca gigante feita de estrutura de arame e pano e os foliões, fazendo a música para o boi e quem o acompanha.

Os grupos de foliões (nome que dado as pessoas que tocam os instrumentos enquanto o boi “samba”), geralmente pessoas dos bairros periféricos da cidade, esbanjam criatividade e sabedoria popular, ao entoar canções que trazem misticismo, religião e crença popular.” (http://jovenscomunicadores.ning.com/forum/topics/boi-de-janeiro-alegria-e).

O rítmo que se ouve quando os reiseiros e boi vêm chegando é “mais chegado para o Afro, com gaitas, sanfona, pandeiro, triângulo, caixa e bumbo. A pessoa que comanda o Reisado é chamado de “Mestre” e acompanha os instrumentistas no decorrer dos dias em que o boi entra em cena”. (http://www.pedraazul-mg.com/2013/08/o-boi-de-janeiro-o-mais-tradicional.html)
A construção do boi se dá de uma forma bem interessante, com bambu, arame, madeira e papelão, já a cabeça é mesmo do animal de verdade e cobrindo toda a estrutura vem um tecido de chita bem colorido.
Já a construção da boneca Maria Teresa se dá com bambu, taquara e balaio, sua roupa e braços são feitos de tecidos bem coloridos,o pescoço e a cabeça de enchimento cobertos com uma peruca. Dizem que se cria um paradoxo entre a sua falta de beleza e simpatia.
Dentro da casa acontece da seguinte maneira:
“Quando o dono da casa solicita, os instrumentistas apresentam apenas com o bumbo, caixa, triângulos e palmas. Neste momento, o mestre joga o verso, o boi e a boneca dançam num passo miudinho, dando rodadas e mais rodadas. Neste momento, os acompanhantes responde aos versos cantados pelo mestre. Quando o boi deixa  a casa, recebe uma pequena importância de gratificação pelo espetáculo apresentado e os reiseiros, então fazem o agradecimento em verso:

Deus lhe pague a tua esmola
Deus lhe dê muito o que dá
No reino do só se vendo
Sentando em um bom lugar
Deus lhe pague a tua esmola
O senhor e a senhora
Sua cama está bem feita

A manifestação homenageia os Três reis Magos ou Santos Reis e faz parte da conhecida festa de Reisado. Os reiseiros passam de casa em casa na cidade, fazendo suaa cantoria e louvoures. Junto deles vem uma pessoa dentro da estrutura do boi e outra na estrutura de Maria Teresa, sua companheira “que dança em movimentos espaçosos à frente do Boi, e como dizem no vocabulário da região, saem enrabando as crianças (ou seja, correm atráz das crianças)”. (http://jovenscomunicadores.ning.com/forum/topics/boi-de-janeiro-alegria-e).
No último dia de festa, dia 6 de Janeiro, todos os 'bois' dos grupos da cidade se reúnem para dançar juntos. Antigamente havia a disputa para decidir qual grupo levaria Maria Teresa para desfilar no ano seguinte.Hoje a disputa já não ocorre e todos os grupos ganham um troféu pela participação na festa.

Aqui você encontra mais informações sobre a festa do Boi de Janeiro em Pedra Azul 

Referências bibliográficas:

http://www.soujequi.com/manifestaccedilotildees-culturais.html
http://madeinrubim.wordpress.com/historia/boi/boi-coquis/

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LABIRINTO

elenco de O labirinto, apresentaçao no encerramento do ano de 1917 no curso de teatro da UFU