domingo, 17 de agosto de 2014

Siriá, meu bem siriá. Como é bom pescar à beira-mar em noite de luar!...

Por Robert Oliveira

A Dança do Siriá simboliza uma manifestação folclórica da Região Norte. Sua essência está no batuque africano, mas já sofreu transformações e influências de outras culturas ao longo do tempo. Por apresentar ritmo contagiante e movimentos envolventes, a dança tornou-se parte da cultura tradicional paraense, sendo lembrada e valorizada em diversas cidades do estado.

Contam os estudiosos que os negros escravos iam para o trabalho na lavoura quase sem alimento algum. Só tinha descanso no final da tarde, quando podiam caçar e pescar. Como a escuridão dificultava a caça na floresta, os negros iam para as praias tentar capturar alguns peixes. A quantidade de peixe, entretanto, não era suficiente para satisfazer a fome de todos.
Certa tarde, como se fora um verdadeiro milagre, surgiram na praia centenas de siris que se deixavam pescar com a maior facilidade, saciando a fome dos escravos. Como a fartura na pesca passou a se repetir todas as tardes, os negros tiveram a ideia de criar uma dança em homenagem ao extraordinário. Já que chamavam cafezá para plantação de café, arrozá para plantação de arroz, canaviá para a plantação de cana, passaram a chamar de siriá o local onde todas as tardes encontravam os siris com que preparavam seu alimento diário.



A dança segue em roda e em pares. A coreografia apresenta um ritmo variante do batuque africano, que inicia com melodias lentas e depois acelera tornando-se frenética. Os movimentos seguem o ritmo do acompanhamento musical e a letra cantada, ou seja, de acordo com os versos da música, são realizadas movimentações que interpretam corporalmente cada estrofe da canção. A letra da música retrata sobre a rotina dos escravos e as dificuldades que enfrentavam. Na coreografia, os movimentos dos homens sempre de acordo com a letra, simbolizam trabalho dos escravos e o momento da pegada dos siris na praia, conforme a história. As mulheres dançam mobilizando as saias, representando redes de pesca que os escravos utilizavam para colocar o alimento capturado.

Na dança do Siriá, o casal apresenta-se descalço. Os homens vestem calças geralmente brancas enroladas na bainha e blusas coloridas e estampadas com as pontas amarradas na frente. Eles também utilizam chapéu de palha enfeitado com flores que as damas retiram, em certos momentos da coreografia, para demonstrar alegria e entusiasmo.
As damas usam saias longas e rodadas, blusas de renda branca e enfeites floridos na cabeça, colares, pulseiras e brincos feitos de sementes da região amazônica.


Basicamente, os dançarinos executam a dança fazendo alusão com o milagre dos siris, os homens sempre com o corpo curvado a frente, seguindo o ritmo da música e as mulheres mostrando rebolados e sensualidade. No momento do refrão, o casal executa volteios com o corpo curvado para os dois lados.

Tua mãe tariíra, teu pai jacundá (bis)
Se eu soubesse não vinha do mato
Pra tirá o sarara do buraco (bis)
Namora pai, namora mãe,
namora filho,
Eu também sou da família
também quero namorá (bis)

Tal como a "dança do caribó", os instrumentos típicos utilizados são dois tambores de dimensões diferentes. Para dar rítimo e os sons mais agudos (tambor mais estreito e menor) e para a marcação e os sons graves (tambor mais grosso e maior).
Instrumento mais rústico encontrado na cultura paraense. É feito usando-se troncos de árvores ocas, e é revestido com couro de animal (cobra, veado ou na falta dos dois , boi).


Referencias: www.wikidanca.net
                     www.google.com.br
                     www.portalamazonia.com.br
                  cametaoara.blogspot.com.br


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elenco de O labirinto, apresentaçao no encerramento do ano de 1917 no curso de teatro da UFU