Roda de jongo na UFU, encontro entre Baiadores, portadores de tradição e Marisa Silva do Jongo da Serrinha |
Não é por acaso que “pedir licença” é comum nas manifestações populares, especialmente na primeira música, pois o limiar que separa o rotineiro do ritualístico é uma linha muito tênue. Então peço licença aos colegas para falar do jongo, manifestação que sofreu e sofre modificações, considerando que todas as manifestações populares na contemporaneidade são hibridas, BURKE afirma que “o hibridismo é muitas vezes, senão sempre, um processo e não um estado” (pág 51). O movimento jongueiro de hoje compreende também (além de outros objetivos) na resistência para manter as memórias e heranças culturais.
O jongo começa com Bendito, com o saravá, quando você bendiz seu companheiro, bendiz o ritual, a dança e canto. Saúda-se os tambores, são reverenciados pois são a religação com o passado e a ancestralidade, é a ligação com a religiosidade e com as forças da natureza. Hoje os instrumentos de acompanhamento variam de grupo para grupo, mas essencialmente a percussão é formada pelos tambores denominados Tambú (ou caxambú), candogueiro e angoma-puíta (ou puíta)
A manifestação surge do movimento de resistência dos povos africanos no Brasil
“para
acalmar a revolta e o sofrimento dos negros com a escravidão e distrair o tédio
dos brancos, os donos das isoladas fazendas de café permitiam que seus escravos
dançassem o jongo nos dias dos santos católicos. Para esses negros africanos e
seus filhos, o jongo era um dos únicos momentos permitidos de trocas e
confraternização. O jongo é uma dança profana para o divertimento, mas uma
atitude religiosa permeia a festa. Antigamente, só os mais velhos podiam entrar
na roda. Os jovens ficavam de fora observando. Os antigos eram muito rígidos
com os mais novos e exigiam muita dedicação e respeito para ensinar os segredos
ou “mirongas” do jongo e os fundamentos dos seus pontos.” (texto extraído do jongodaserrinha.org)
O jongo é um dos precursores do samba. Originalmente praticado no sul do estado do Rio de Janeiro e ao norte do estado de São Paulo e na região das fazendas de café do sul de Minas Gerais, a manifestação possui elementos que perpassa as várias manifestações afrodescendentes como a umbigada, as palmas e os tambores. Ritmo, música e dança características, cantada por um puxador e respondida pelo coro. As letras são de improvisações ou pontos, muitas vezes enigmáticos ou em dialetos desconhecidos, que sempre continham uma mensagem metafórica, tinham essa estrutura, pois era também uma forma de comunicação interna dos escravos e não compreendidas pelos capatazes e senhores.
Dançado em roda, com um casal vai ao centro, homens e mulheres compartilhando do mesmo passo, mas cada um dança da sua maneira, vão se substituindo por outro dançador.
Em 2005 o jongo foi proclamado patrimônio imaterial Brasileiro pelo Instituto do patrimônio histórico e artístico nacional.
bibliografia:
http://www.bibliotecaderitmos.com.br/ritmo/jongo/ (acesso 16/08/2014
às 19:13)
http://jongodaserrinha.org/ (acesso 16/08/2014
20:21)
http://portal.iphan.gov.br/ (acesso 19/8/2014
21:02)
BURKE, Peter. Hibridismo cultural. São Leopoldo: Ed. da Unisinos, 2003
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