O Fandango é uma festa típica litorânea do Paraná, e bastante presente em regiões como Antonina, Guaraqueçaba, Morretes e Ilha de Valadares. Essa manifestação é considerada uma fusão da cultura portuguesa e espanhola juntamente com a cultura brasileira, e por ser uma festa que não é muito encontrada em outros locais do país, considera-se que o Fandango é uma legítima manifestação cultural paranaense.
Sua compreensão terminológica em Aurélio (1986) "Dança espanhola, cantada e sapateada, em compasso ternário ou binário composto, de andamento vivo, ao som das castanholas; música para a dança; canto popular espanhol; dança rural portuguesa, sem canto; espécie de cateretê; chula; baile popular,
especialmente rural, ao som da viola ou da sanfona, e no qual se executam várias danças de roda e sapateadas, alternadas com estrofes cantadas; caranguejo, pagará, pega-fogo, tatu; auto ou representação popular em torno da chegada de uma embarcação à vela a porto seguro; qualquer baile ou divertimento; rolo."
A festa é caracterizada por várias "marcas" que no caso são vários tipos de danças, nas quais podem ser realizadas de forma batida (sapateada) pelo homem, valsada por mulheres e homens ou mistas, tanto valsada quanto batida. Existem cerca de 30 marcas e algumas outras próprias de cada região, haviam mais marcas que foram esquecidas com o passar do tempo, mas algumas mais conhecidas são: Anu, Queromana, Tonta, Andorinha, Cana Verde, Marinheiro, Chamaria de Oito, Carazinho, Serrana,Chara e Feliz. Essas marcas podem ser divididas em três grupos:
Marcas batidas
- Anu
- Xarazinho
- Andorinha
- Chamarrita
- Tonta
- Recortado
Marcas valsadas
- Dondom
- Chamarrita simples
- Vilão de fita ou de lenço
- Meia-canja
- Valsado
- Caradura
- Coqueiro
- Sapo
- Cana-verde
- Bailado
Marcas batidas e valsadas
- Xará Grande
- Queromana
- Marinheiro
- Lageana
- Chico
- Tiraninha
- Feliz
- Serrana
- Sabiá
- Estrala
- Porca
- Tatu
- Caranguejo
Alguns movimentos característicos dessa dança é o caminhar feminino juntamente com o balanceio das saias, o sapateado masculino ou arrastar dos tamancos, o palmeado, o giro, o arco entre outros. Os instrumentos utilzados são as violas, rabecas e adufo. As violas possuem geralmente cinco cordas duplas e mais meia corda, a que chamam turina. Os violeiros desconhecem métodos de afinação, apenas temperam a viola, não têm noção de tempo, compasso e divisão. Sentem e valorizam apenas o ritmo. A Viola é construída de madeira denominada caxeta, com requintes de acabamento artístico. A rabeca tem três cordas ou às vezes quatro. É também feita de caxeta, esculpida em madeira maciça, tendo o braço e o arco de canela preta ou cedro. O sedenho arco é feito de crina de rabo de cavalo ou mesmo de fios de cipó. O adufo é coberto com couro de cotia ou de mangueiro (cachorro do mangue), salientando a superioridade do couro da cotia. É fabricado com madeira de caxeta e as baterias são tampinhas de garrafa amassadas.
O Mestre Romão, no qual é um dos disseminadores do Fandango no Paraná, conta que essa manifestação teria vindo através de um casal de espanhóis em torno de 1720. Ambos tocavam e cantavam para relembrar a terra natal. Ele conta que os espanhóis avistaram um passaro e perguntaram aos índios como chamava, e eles disseram que era Anu, e com isso, ambos disseram também haver Anu na sua terra natal, e com isso, teria começado a primeira expressão de Fandango no Paraná, sendo assim o Anú é a primeira marca a ser dançada. O Mestre diz que o Anú deve ser dançado primeiro por se tratar de um passaro preto, um passaro de azar, com isso, a dança espanta a tristeza, a supertição e o azar para que ocorra tudo bem com a manifestação.
Claro que o que Mestre Romão conta não é algo que se encontra em livros, porém foi passado de geração para geração, e isso não pode ser descartado.
No Paraná, as primeiras censuras ao fandango
teriam ocorrido por volta de 1792 em Paranaguá, sendo a
realização liberada no século XIX, desde que com
autorização policial. A vinda de imigrantes europeus no
século XX teria causado transformações sociais no Estado
a ponto de diferenciarem as práticas culturais das diferentes
classes da estrutura social, sendo o fandango considerado
uma manifestação popular do meio rural
Assim, os bailes de fandango passaram a ter locais
determinados para sua realização, sendo dançado
principalmente nas festividades do entrudo (que daria origem ao
carnaval) e em algumas festas de casamento, batismo, aniversário,
entre outras. Já nas regiões rurais as festas de fandango estavam
vinculadas ao calendário da agricultura de subsistência,
como o plantio e a colheita, ocasiões em que o dono da
lavoura convocava um mutirão e, ao final do dia, oferecia um baile
de fandango. (RANDO, 2003,p.12)
Referências:
http://www.unicesumar.edu.br/pesquisa/periodicos/index.php/iccesumar/article/view/82/15
http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=311
Importante entender o que é a Associação Mandicuera, pois é um modo contemporâneo de manutenção e incentivo da tradição, especialmente o envolvimento de politicas públicas.
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=0DE88H6YD0Q
A fotografia em que os homens estão de bombacha é do fandango gaúcho. Apesar do Paraná e do Rio Grande do Sul estarem próximos geograficamente e seus fandangos apresentarem alguns pontos em comum, são danças e músicas bem distintas. Um de pescador outro de pampeiro.
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=mLWCX8q6Km8
As formas de divulgação e manutenção das danças também são distintas.
Já a gravura em que os dançarinos têm um tipo de castanhola nas mãos refere-se à dança européia.
ResponderExcluirColoque as fontes das imagens e dos textos, pois facilita o entendimento quando sabemos quem, quando e porque publicou os textos e imagens, inclusive as imagens em movimento dos vídeos.