Considerando a nossa dificuldade de conceituação das três possibilidades de linha investigativa para a Etnocenologia propostas por Armindo Bião, faço aqui a citação de um texto que as explica e delimita:
A espetacularidade substantivada é manifesta em sua forma elaborada a partir dos comportamentos humanos espetaculares organizados (PCHSO) ou — conforme atualização terminológica de Pradier — das práticas performáticas, que seriam as artes do espetáculo, independentemente de sua origem ou forma de produção, incluindo a encenação profissional, manifestações populares, espetáculos tradicionais, etc.
A espetacularidade adjetivada seriam as atividades que não almejassem como fim um evento cênico, mas que, em sua execução,/ denotassem um aspecto espetacular, como rituais religiosos ou profanos, festas públicas e eventos sociais.
Já a espetacularidade adverbial seria o modo de coportamento cotidiano de certos grupos sociais, suas formas específicas de se relacionar, de criar mecanismos de expressão que os referenciem enquanto elemento pertencente a alguma sociedade.
Em todas as três possibilidades existe, ao menos, um elemento que as liga em um conjunto articulado: o corpo enquanto fator estruturante e estruturado de uma uma ação, seja preenchida de espetacularidade ou de teatralidade. Mas não um corpo perdido no nada, e sim, um corpo que se interrelaciona com um espaço e um contexto sócio-histórico específicos.
OLIVEIRA, E. J. de. Um olhar sobre o fazer artístico do outro. In: BIÃO, Armindo (Org.). Artes do Corpo e do Espetáculo: questões de etnocenologia. Salvador: P&A Editora, 2007, p. 236-237.
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